Orientar crianças a respeito das formas de violência sexual é um tabu para as famílias, educadores e, até mesmo, para muitos profissionais da rede protetiva. Pensando em facilitar a abordagem deste tema, a Campanha Faça Bonito iniciou um ciclo de apresentações da história infantil “Corujópolis” e da canção “Nisso e naquilo”.

Por meio de um teatro com bonecos de feltro confeccionados pela equipe do CRAS Natalino Rodrigues, a narrativa de “Corujópolis” nos apresenta a angústia de Aninha, vítima dos abusos cometidos pelo namorado de sua mãe, e da união dela com o irmão Léo e os amigos Samuel e Júlia para contar à professora que algo de ruim estava acontecendo com a pequena coruja. 

A presidente do Conselho Tutelar, Leda Morcelli Pelim, é a autora de “Corujópolis”, e destaca ter baseado a história em situações que chegam até o órgão. Segundo ela, escrever este conto partiu da necessidade de fazer as crianças identificarem, resistirem e relatarem situações potencialmente perigosas para um adulto de confiança.

“Essa comunicação precisa se enquadrar na linguagem delas. Usando palavras de fácil compreensão, brinquedos, fantoches, e assim, como fizemos no teatro, contando uma história. Levando o máximo de informações por meio da fantasia, onde, infelizmente, possa ser a realidade de alguma delas”.

A escolha do perfil dos personagens também foi pautada em estatísticas de abuso e exploração sexual. Pesquisas apontam que na maioria das vezes, o agressor é do convívio familiar, e a escola tem um importante papel na identificação de casos e suporte às vítimas.

O Conselho Tutelar também apresenta nas escolas uma música que ensina quais partes do corpo não podem ser tocadas, e o que fazer caso ocorra alguma violação dessa regra.

Na última quinta-feira (26), os estudantes de 4 a 12 anos da EMEIEF Nossa Sra de Fátima e da EMEIEF Prof. Osmar Genovez assistiram ao teatro “Corujópolis” e dançaram a música “Nisso e Naquilo”.

Conforme a conselheira tutelar, Fabiana Rossi, “a ação busca conscientizar os alunos, para serem agentes da auto-proteção. É uma história de fácil compreensão, pois queremos passar a elas a importância de falar sobre os ‘carinhos’ indesejados, as partes do corpo que ninguém pode tocar, e situações que causam tristeza ou incômodo”.

A secretaria de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos, Dra. Telma Tulim, afirma as escolas municipais de Educação Infantil e Ensino Fundamental: prof. Thiago Alves da Silva Leandro, Odinir Magnani, Enedina Botteon, prof. Gino Bolognesi, Sônia Maria Gomes Jerônimo, Altino Martines (Universo), José Maris, João Geral Iori, Governador Mário Covas, e unidade de Varpa já receberam a equipe do Faça Bonito.

“Este tipo de trabalho é perfeito para ultrapassar a barreira entre os adultos e as crianças, sem que a inocência deles seja prejudicada. Precisamos orientar sobre este assunto, pois, muitas crianças sofrem a violência, mas não têm compreensão do que aquela situação verdadeiramente significa. A conscientização ocorre quando ela entende o crime, e também aprende a se defender”.