O Tupã 2030: Programa de Promoção Integral e Sustentável da Saúde e Bem-estar da Criança e do Adolescenteestá chamando a atenção de pesquisadores universitários de intercâmbio. Dessa forma, o projeto em andamento no município poderá servir de base para iniciativas semelhantes de Moçambique, Equador e São Tomé e Príncipe.
O doutorando em Saúde com Ênfase em Nutrição pela Unesp de Botucatu, Augusto Mário Miquitaio, comparou as possibilidades de implantação das medidas que reduzem a má-nutrição infantil no Brasil com o país dele, Moçambique. “Venho de uma província que desenvolve hortas individuais, a fim de reduzir a carência financeiras das famílias. Não temos merenda escolar para as crianças, precisamos superar as dificuldades de saneamento básico, além de contarmos com um sistema de saúde pública muito diferente do de vocês. A união de vocês é realmente louvável”.
Todas as metas e etapas planejadas pelo Tupã 2030 foram apresentadas aos interessados em reunião realizada sexta-feira (21), na Secretaria Municipal de Educação. Os membros do comitê gestor discutiram os próximos passos para criação de hortas pedagógicas e de hortas comunitárias em Tupã.
As hortas pedagógicas serão cultivadas pelos alunos das creches e escolas municipais, com apoio dos funcionários e profissionais da educação para manutenção e desenvolvimento de atividades de ensino-aprendizagem. Enquanto as hortas comunitárias partiriam de um projeto-piloto em terreno cedido pela Prefeitura de Tupã, e quando regulamentadas por lei, será possível mantê-las por meio de termo de fomento, para transferência de recursos e participação de associações ou instituições na gerência delas.
O CATI aspira contribuir com o projeto ministrando cursos de capacitação e olericultura orgânica, orientando o preparo dos canteiros e manejo das máquinas.
Alguns pontos propostos para a efetiva abertura desses espaços de cultivo na zona urbana foram questionados por Javier Briones, colaborador de um projeto da Unesp em parceria com a Escola Superior Politécnica de Timboras - Equador. Vindo de Macas, uma província de Morona-Santiago, o estudante destacou ser muito importante saber que o projeto será mantido independentemente do governo e dos agentes envolvidos.
“Tupã está pensando no município. Trabalho com comunidades indígenas amazônicas, que sofrem um alto índice de desnutrição. O Equador passa por conflitos internos e o estado de exceção atrapalha a captação de recursos, inviabiliza projetos que precisam se manter independente do governante”, disse.
Estruturado de forma intersetorial, o projeto de hortas do Tupã 2030 será elaborado com estudo técnico da Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente, responsáveis pelo preparo do solo, a aquisição de insumos e equipamentos e pelo futuro sistemas de compostagem; o público que terá acesso às hortaliças, verduras e legumes será triado pela Secretaria de Desenvolvimento Social; e a Secretaria de Saúde fará o acompanhamento do progresso nutricional dos participantes.
A medição dos índices de subnutrição e obesidade em crianças do município é feito com dados do Sisvan (Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional do Governo Federal), que apontam prevalência do sobrepeso em Tupã. Os indicadores usados para selecionar as crianças foram apresentados após indagação da doutoranda em medicina na Unesp de Botucatu, Dilúvia António, natural de São Tomé e Príncipe.
“Terem organizado uma medição e pesagem dos alunos em todas as unidades de ensino deu a vocês um panorama muito concreto. E agora conseguem ofertar um serviço mais atencioso e específico paras as famílias, o que é ótimo”.
Também participaram da reunião como convidados o mestrando em Saúde e Nutrição pela Unesp de Botucatu, Gustavo Soares; e o professor da Unesp de Tupã, Prof. Dr. Luís Roberto Almeida Gabriel Filho, que está elaborando aplicativo para mães e famílias avaliarem fidedignamente os dados nutricionais das crianças.
Tupã