Nesta época do ano, com as chuvas intensas, é comum encontrar em quintais, hortas e jardins, algumas espécies de caramujos. Hospedeiro de várias doenças, inclusive dois tipos de meningite, a infestação deste tipo de caracol deixa os moradores preocupados, já que se reproduzem muito rápido, colocando em média de 50 a 400 ovos por ano.
Com o objetivo de alertar a população, a secretaria municipal de Saúde, por meio do setor de endemias, alerta sobre os perigos do caracol africano, e como proceder quando encontrar o molusco.
De acordo com a enfermeira do setor de endemias, Juliana Yuri Ueji Begnossi, mesmo que em Tupã não tenha confirmado nenhum caso de doenças causadas pelo caramujo africano, é importante a população tomar medidas de prevenção para o controle da infestação, como por exemplo, eliminar lixos, pneus, latas, entulhos, tijolos e madeiras dos quintais, além de catá-los, que é a principal medida recomendada para eliminá-los.
“É necessária a conscientização da população sobre o caramujo africano, pois neste período de chuva e umidade é facilitada a reprodução dessa espécie invasora e exótica, que pode se reproduzir também dentro das residências caso o ambiente seja favorável e não apenas em espaços públicos”, explicou.
Além de auxiliar no combate ao caramujo africano, o terreno limpo também ajuda a diminuir a incidência do aparecimento de escorpiões e também na eliminação de criadouros do mosquito Aedes aegypti, que é o transmissor da dengue e outras doenças como a zika, Febre amarela e a chikungunya.
Eliminação e controle da espécie
Segundo Ueji, existem métodos de exterminar os caramujos, porém não são recomendados larvicidas ou sal de cozinha. “Utilizando luvas, o morador deve coletá-los manualmente e colocá-los em um recipiente, como balde ou saco”, frisa.
Na sequência, as conchas dos moluscos coletados devem ser quebradas com martelo ou instrumento similar e, em seguida, enterradas. “Sempre que possível, colocar uma pá de cal virgem para evitar a contaminação do lençol freático, principalmente no caso de ser coletada grande quantidade de caramujos”, explica.
De acordo com ela, os melhores horários para o procedimento são pela manhã bem cedo ou no final da tarde, uma vez que, como os demais moluscos terrestres, o caramujo africano evita a exposição ao sol forte, que o desidrata.
“Também é importante coletar os ovos do caramujo, que são encontrados semi-enterrados no solo. Os ovos são facilmente reconhecidos, pois têm aproximadamente cinco milímetros de diâmetro, forma arredondada, casca calcária amarelada e geralmente são encontrados em grande número”, especifica.
Segundo a enfermeira, é muito difícil a erradicação completa do caramujo africano, um trabalho que pode levar anos com catação diária nas épocas de chuva, já que um simples caramujo não recolhido pode causar uma nova infestação de mais mil descendentes no período de um ano.
Espécie
O Achatina fulica, mais conhecido como caramujo africano, é uma espécie de origem africana que especialistas dizem ter sido introduzida no Brasil por meio de uma feira agropecuária na década de 80, no Paraná.
O animal foi importado para consumo humano como uma opção ao escargot, mas como o brasileiro não tem hábito de consumir este tipo de alimento, a demanda não existiu e os criadores soltaram os moluscos inadvertidamente na natureza.
Sem predadores naturais, tal fator, aliado à resistência e excelente capacidade de procriação desse animal, permitiram com que esse caramujo se adaptasse bem a diversos ambientes, sendo hoje encontrado em 23 estados.
O combate químico com o uso de pesticidas não é indicado, pois o produto pode contaminar o solo, a água e até o lençol freático, podendo, assim, levar a intoxicação dos animais e do ser humano. Além disso, o molusco pode ser resistente a vários pesticidas.
Além de destruírem plantas nativas e cultivadas, alimentando-se vorazmente de qualquer tipo de vegetação, e competir com espécies nativas, inclusive alimentando-se de outros caramujos. Para piorar, são hospedeiros de duas espécies de vermes capazes de provocar doenças.
Tupã